O Evangelho do primeiro dia do novo ano (Lc 2,16-21), traz a festa de "Maria, Mãe de Deus".
Neste título de Maria, estabelecido no Concílio de Éfeso, no ano 431, vemos a afirmação da íntima unidade entre nossa humanidade, expressa em Maria, mãe de Jesus, e o próprio Deus. Tal título associa a dimensão feminina de Maria à própria natureza divina. Em Maria vislumbramos traços do rosto feminino de Deus. Podemos dizer: Deus é Pai e Mãe.
A novidade de Jesus é a revelação da dignidade da criação, assumida na vida divina. Deus nos criou para a eternidade. O Filho de Deus nasce entre nós repousando em uma manjedoura. E esta maravilhosa presença entre nós não foi anunciada aos grandes e poderosos, mas em primeira mão aos humildes pastores, que, em vigília, guardavam as ovelhas. Deus se relaciona com homens e mulheres não por meio de poder e submissão, mas de humilde amor, que comunica vida e liberta de todas as ilusões e opressões promovidas pelos poderosos deste mundo.
São os humildes e simples, talvez por estarem mais abertos, que percebem a ação de um Deus que se faz pobre, simples, humilde, criança, nascendo numa manjedoura e nos mostrando a grandiosidade de seu amor livre e gratuito para com a humanidade. A propósito, estamos dispostos a vivermos estes valores neste novo ano que começamos?
No evangelho que a liturgia nos propõe na noite de natal (Lc 2,1-14) temos o relato do nascimento de Jesus. “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um salvador, que é o Messias, o Senhor”. O anúncio central do trecho de hoje traz em si o início e a realização da salvação. Isso se torna compreensível se levarmos em conta o título que o Menino recebe da parte dos anjos: ele é Salvador.
O Messias entra na história da humanidade por caminhos alternativos não trilhados pelos poderosos. O imperador Augusto decreta, para todo o império romano, um recadastramento que tem por objetivo arrecadar taxas sobre pessoas livres e escravas, homens e mulheres. Maria dá à luz sozinha, durante uma viagem, fora de casa, sem encontrar lugar entre os parentes, na maior solidão e abandono. Jesus é colocado numa manjedoura e recebe a visita dos pastores, gente marginalizada e odiada por causa de sua conduta.
Assim a história da salvação não nasce em Roma, sede do poder absolutizado, e sim em Belém, na pessoa de alguém que foi marginalizado antes mesmo de nascer. O Menino pobre que nasce em Belém possui o poder da comunicação que vem de Deus: um anjo do Senhor se encarrega de comunicar a grande novidade à humanidade. Mas a comunicação de Deus possui caminhos alternativos: não se dirige aos poderosos, e sim aos pastores. O povo do Messias pobre são esses marginalizados da sociedade. Eles são envolvidos pela luz divina e recebem a comunicação da boa notícia, ao mesmo tempo em que são encarregados de transmiti-la a todo o povo. A propósito, vamos acolher este Deus-menino que nasce neste natal?
Estamos nos aproximando de mais um natal e com ele são renovados os sentimentos de paz, amor, alegria e esperança. A “Estrela Verde” resume muito bem este tempo que estamos vivendo.
Era uma vez em que havia milhões de estrelas no céu. Estrelas de todas as cores: brancas, lilases, prateadas, douradas, vermelhas, azuis...
Um dia, elas procuraram o Senhor, o Deus do Universo, e disseram-lhe: Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra com os homens. Assim será feito, disse-lhes Deus, conservarei vocês todas pequeninas como são vistas e podem descer à Terra.
Conta-se que naquela noite houve uma linda chuva de estrelas. Umas desceram nas torres das igrejas, outras foram voar e brincar com os vaga-lumes no campo, outras se misturaram nos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada. Porém, passando algum tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar ao céu, deixando a Terra escura e triste.
Por que voltaram? Perguntou Deus. Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita desgraça, fome, violência, guerra maldade, doença. O Senhor lhes disse: Claro, o lugar de vocês é aqui no céu, a Terra é o lugar do transitório, daquilo que passa, do imperfeito, daquele que caiu, daquele que erra, daquele que morre. Aqui no céu é o lugar da perfeição, o lugar onde tudo é bom, onde tudo é eterno.
Depois que chegaram as estrelas, Deus falou de novo: Mas está faltando uma estrela! Será que se perdeu no caminho? Um anjo que estava perto retrucou: Não, Senhor! A estrela resolveu ficar entre os homens, ela descobriu que seu lugar é exatamente onde está a imperfeição, onde há limites, onde as coisas não vão bem. Mas que estrela é essa, perguntou Deus? Por coincidência, Senhor, era a única estrela desta cor. E qual era a cor desta estrela, insistiu Deus. É verde, Senhor! A estrela verde do sentimento da esperança.
E, quando olharam para a Terra, a estrela verde já não estava mais sozinha. A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de cada pessoa, porque o único sentimento que o ser humano tem e Deus não têm é a Esperança. Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da natureza humana, própria daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que ainda não sabe qual é o seu futuro.
O Evangelho deste final de semana ((Jo 1,6-8.19-28), terceiro domingo do advento, mostra João Batista anunciando a vinda de Jesus.
Os vv. 6-8 pertencem ao Prólogo do evangelho onde diz que, “apareceu um homem enviado por Deus; seu nome era João”. A testemunha é uma pessoa comum, um ser humano com identidade própria (nome) que Deus credenciou. A missão de João é “ser testemunha e dar testemunho da luz, a fim de que todos cheguem à fé”.
Os vv. 19-28 falam do contexto em que se desenvolve a ação da testemunha da vida que é Jesus: a da luta entre as trevas e a luz. As trevas são as lideranças político-religiosas do tempo. Antes de tentar apagar a luz-vida que é Jesus, elas querem eliminar João, a testemunha e por isso vão logo perguntando: “Quem é você?”. A resposta de João, “Eu não sou o Messias”, nos fala das suspeitas dos investigadores: temiam que João se declarasse o inaugurador de nova ordem social, um líder de movimento popular que se opusesse às autoridades existentes. João nega também ser Elias e o Profeta.
A comissão de inquérito sossega um pouco, mas não se satisfaz. E continua investigando: “Quem é você? Temos que levar uma resposta aos que nos enviaram. Quem você diz que é?”. João se autodefine como “uma voz que grita no deserto: ‘Endireitem o caminho do Senhor!’. Mencionando o deserto, o evangelho aponta para a nova sociedade que está para chegar com Jesus. João veio tirar os obstáculos que impedem a construção do novo. E os principais empecilhos são justamente as autoridades que mantêm o povo dominado. Elas “entortaram o caminho do Senhor”, impedindo ao povo o acesso à vida. A propósito, que obstáculos precisamos retirar para preparar a vinda de Jesus neste natal?
O Evangelho deste final de semana (Mc 1,1-8), segundo domingo do advento apresenta João Batista, como aquele que prepara a vinda de Jesus.
É o começo do Evangelho de Marcos que foi, provavelmente, o primeiro texto de catequese das comunidades primitivas. O evangelista concentra seus esforços na demonstração de “quem é Jesus”. E, desde o início, deixa claro: o que vamos encontrar neste livro é apenas o começo. Esse dado é importante para entendermos a intenção do evangelista: percorrer o caminho que leva a Jesus é estar sempre disposto a começar, a reaprender.
Se quisermos encontrar Jesus e saborear a boa notícia que ele é e traz, precisamos recomeçar sempre junto aos empobrecidos e marginalizados da sociedade, aprendendo com suas esperanças e lutas.
O texto fala de João Batista, o precursor do Messias-Filho de Deus, apresentando-o como o mensageiro que vai à frente de alguém mais importante, como o profeta que veio para preparar o caminho do Senhor. O precursor aparece no deserto. Essa indicação é importante, pois recorda ao mesmo tempo, o período que vai da libertação do Egito até a entrada na Terra Prometida e o período da saída do exílio na Babilônia até o regresso à pátria.
Jesus será, portanto, aquele que vai introduzir o povo em nova realidade. De fato, suas primeiras palavras no Evangelho de Marcos são estas: “O tempo já se cumpriu, e o reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na boa notícia”.
A preparação para a vinda de Jesus feita por João Batista é direcionada a cada um de nós. A propósito, como está nossa preparação para acolher o Deus-menino que vem a nós?