O Evangelho deste final de semana (Jo 9,1-41), 4º Domingo da Quaresma traz o conhecido episódio da cura do cego de nascença. Antes de olharmos o texto do evangelho é bom ter presente que o evangelho de João tem como uma de suas principais características os longos diálogos de Jesus, carregados de simbolismo e que se desenvolvem a partir de cenas impregnadas de realismo e suspense. A mensagem principal do diálogo de hoje é a acolhida à revelação de Jesus, enfatizada pelo contraste entre o "ver" e o "cego". Os fariseus continuam cegos e expulsam da sinagoga aquele que vê. Aqueles que na Lei de Israel acham que vêm tudo, na realidade, como cegos, não vêm a novidade da luz de Jesus. Por três vezes há uma referência à expulsão da sinagoga: os pais do cego curado "tinham medo dos judeus pois estes já tinham combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Cristo"; o cego finalmente é expulso da sinagoga; e Jesus fica sabendo que o expulsam. Com a proclamação de sua Boa Nova, Jesus denunciou e rejeitou o centralismo de poder político e religioso no Templo de Jerusalém e a sua opressão, que tem raízes na tradição da realeza de Davi. Denunciou também a hipocrisia das aparências que ocultam ambição de poder e dominação. Nele manifesta-se a luz da bondade, da justiça e da verdade, que revela os segredos ocultos. A propósito, enxergamos a novidade trazida por Jesus, ou somo cegos?
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